12 de dezembro de 2013

prioridades

Nesses dias quando a chuva faz barulho no telhado e as pessoas não saem de casa eu me flagrei com a mão no queixo balançando a cabeça em sinal de negação e julgando a prioridade de alguns amigos expostas no meu feed de notícias do facebook.
Uns ostentando o que tem com fotos de carros, motos, bebidas, mulheres, videogames, viagens, roupas de grife, extratos de conta bancária, demonstrando através do facebook o seu lado rei da balada da vida real.
Fiquei uns 20 minutos achando defeito nas prioridades do pessoal. Até que um lapso de luz me tocou, parei, comecei a analisar, já tinha feito um pouco de tudo daquilo em outras épocas, só que agora eu não achava mais interessante, aliás, estava achando estúpido.
“Porque gastar tanto em uma calça?”, “porque gastar tanto nesse restaurante?”, “porque gastar tanto numa viagem?”, “foto de 8 caixas de cerveja? Porque?” etc.
Eu já havia feito a mesma coisa, agora só não estava achando legal porque as minhas prioridades haviam mudado. Se alguém estivesse gastando o salário com o mesmo que eu estou gastando eu acharia legal e correto.
As pessoas não são classificadas como diferentes e normais, elas apenas possuem, proporcionalmente, prioridades comuns a maioria da população ou vontades menos existentes na sociedade.
O julgamento é natural do ser humano, talvez sua prioridade seja esta mesmo, a de julgar seus amigos que devido às prioridades deles serem diferente das suas, você os julga sem prioridades.
Não sei, estou vomitando frases aqui, mas só queria que vocês não me julgassem por ter dedicado meu tempo para escrever isto, aí eu não julgo vocês por terem dedicado o seu tempo para ler isso.
Sabe, é assim que a roda deveria girar, sem gente criticando as prioridades, pois para muitos a prioridade pode ser não estar em julgamento pelos outros e julgando podemos estar destruindo a prioridade dessa pessoa, a paz interior dela.
Eu só quero ler meu livro e tomar meu leite com Nescau sem que vocês me julguem, eu gosto disso, pra mim a vida é boa assim, se você gosta de comer cogumelo, coma, a vida é bela. Fazendo o que gosto eu não vou impedir você de fazer o que você prefere, tem sol e ar pra todo mundo gente.
Continuem comprando calça de R$ 500,00, Videogames de R$ 4.000,00 e gastando meio salário em um final de semana, mas, por favor, não pechinchem as prioridades alheias. 

7 de agosto de 2013

gosto adquirido

Carne no dente, é tipo o que eu sentia, algo que me incomodava, se eu insistisse em removê-lo me doía, só que não era na boca, era no cérebro. A carne no dente do cérebro, onde eu mastigava as ideias.
Era algo que dizia “cara, olha que lindo é você pregar algo que é contra o poder dominante”. Era lindo sim, era algo que eu denominei a partir de determinado momento de gosto adquirido, eu gostava de fazer aquilo, era notado como uma dama de espada em um jogo de copas. Até quando percebi que eu não acreditava naquilo. É como comer algodão doce, você pode pegar ele inteiro, esmagar e fazer uma espécie de bolo, porém quando você coloca ele na boca, ele some, é algo ilusório.
Eu gostava de algodão doce, mas percebi que para a minha pessoa não era correto acreditar nele. Para você pode ser, mas mesmo assim eu recomendo uma passada no dentista, ou só uma passada de fio dental mesmo.
Eu vejo falso moralismo no meu café da manhã, no meu almoço e principalmente na minha janta. Eu acho um algodão doce esse pessoal que anda de tênis rasgado, camisa desbotada e come nutella com pão francês no café. Eu só fico confuso sobre qual dos dois comportamentos é o “gosto adquirido”.

1 de abril de 2013

ruiva

Fazia calor, eu me lembro bem, era um 1° de abril, dia da mentira, assim como hoje, mas o que me aconteceu é verdade. Fiquem tranquilos, não vou mentir, apenas castelos de areia se constroem com falsos relatos.
Os mais chegados sabem que os meus dois tumblrs preferidos para visitar são <fuckyeahruivas> e <501ruivas>. Os menos chegados não, mas isso é uma das primeiras coisas que descobrem sobre mim. Isso não tem muita importância, mas na época teve.
 

A história começa aqui, ao som de chutes e gritos, vindos de um jogo de futebol, eu abracei duas amigas e conheci uma terceira.
Ruiva, ruiva, ruiva.
A terceira era ruiva, com um nome complicado de escrever. Eu acho que nunca tinha abraçado uma ruiva na vida, não sei como não enfartei. Parecia tímida, era tímida. Era ruiva. Parecia com medo, era corajosa. Era ruiva. "Ai meu deus não fica só olhando pra ela", isso eu pensava enquanto tentava comandar meus olhos para não deixá-la perceber que eu estava com o olhar fixado nela.
Hoje faz um ano que ela sorriu pra mim pela primeira vez. Muita coisa aconteceu de lá até aqui, eu queria fazer um apanhado geral, mas vou fazer uma lista, acho mais fácil e menos repetitivo.
Amo o jeito com que:
* Busca remédio para minhas dores de cabeça (fez isso pela primeira vez 1h depois de me conhecer, se isso não é o início perfeito de uma história de amor eu não sei qual pode ser. Alguém manda o nicholas sparks ler esse relato pra ter inspiração pro novo livro dele).
* Conta com um entusiasmo as sinopses dos filmes que a gente assiste, ou deixou de assistir.
* Diz que tem Jota Quest no PC porque outra pessoa pediu pra baixar.
* Faz perguntas esperando determinadas respostas e aceitas respostas contrárias.
* Me ensinou a resolver uma face do cubo mágico.  
Aponta o dedo para indicar uma pessoa.
* Me faz cócegas.
Fica vermelha.
É branca como uma folha de ofício.
Faz drama/suspense pra contar algo em um horário específico.
Diz que meu cabelo está bem ajeitado (sendo que estou quase careca com 20 anos).
Tem paciência pra abrir todos os links que eu mando pra ela.
Deixou de ser da turma do pagode e do reggae.
Faz drama imitando essa <cena>.
Guarda energias de terça-feira até sábado para me dar um abraço.
É diferente de qualquer pessoa que eu já conheci.
Hoje eu já tenho um minuto, um dia, um mês e um ano, agora eu quero o resto da vida.

31 de janeiro de 2013

.doc

Aqui estou eu, sei lá que dia é hoje, na verdade eu sei, mas não interessa, abri o word e decidi escrever, jogar letras na tela me acalma, muita gente precisa de químicos pra sair deste mundo, eu não, preciso sim de palavras.
É incrível a minha capacidade de perder o foco em uma linha de raciocínio, “normal, normal, mamãe passou dislexia em mim”, diriam os abusados.
Eu queria falar sobre como está a minha vida, mas eu não iria ler um texto de uma pessoa falando sobre sua vida, porque vocês iriam? Olhar o meu facebook e exercer julgamentos pela minha foto, pelos meus amigos e pelos meus likes, isso vocês fazem e muito, mas ler um texto pessoal, isso não, ler pra que? Não é?
Pagando de Pedro Bial eu digo: - se eu pudesse dar só uma dica pra vocês, seria essa: larga essa merda de facebook (as 8h diárias que você fica vidrado nele), meu bruxo, isso está te fazendo mal. Faz mal sim, por acaso quando foi a última vez que você falou com seu amigo, sobre uma pessoa que você estava afim, e iniciou a conversa de uma forma diferente do que “viu o que ela(e) postou?”. Quando foi a última vez que você conversou sobre qualquer assunto aleatório, de você, do cachorro da esquina, do novo bar que abriu e etc, que não havia sido levantado no facebook? Responda-me!
Eu tenho a maior sorte do mundo, convivo com uma parcela de pessoas não afetadas por esse verme. Não estou falando das minhas tias e dos meus avós, mas sim dos meus amigos que não possuem facebook. Como é maravilhoso chegar, pronunciar “fala pessoal tranquilo?” e não escutar um “bah meu, que viagem que tu postou no *face* ontem?”.
Esse texto é generalista sim, se couber em você faça bom proveito. Como eu comecei esse texto mesmo? Me perdi.

26 de dezembro de 2012

desconforto

Nasci assim: desconfortável. Em um comentário recente da minha mãe, ela lembra de que quando eu era um bebê, não fica mais de uma hora na mesma posição, sem chorar, podia estar em sono profundo, em berço esplêndido, mas o desconforto me acometia de tal forma que meu instinto me fazia berrar desesperadamente.
Conheço gente que consegue deitar na cama sem lavar os pés, sair cedo de casa sem tirar a remela dos olhos, matar mosquito com o lençol, ganhar R$ 100,00 e gastar R$ 200,00, jogar futebol com bermuda de jeans, porém eu não consigo, isso me sufoca. Por mais simples que seja o fato, diria natural, eu definitivamente não nasci pra isso, nunca agi dentro dos padrões de normalidade.
Na pré-escola meus desenhos eram de apenas uma cor: amarelos. Qualquer cor que não fosse amarelo era desconfortável para mim, um dia a professora me obrigou a pintar um anjo de azul, pintei, o anjo morreu e o amarelo também. Todas as imagens coloridas por mim, pelo resto do ano, foram em tons de cinza.
Passei meses sem sentir a cor da vida na ponta dos dedos, estou recuperado, hoje as cores não me embrulham mais o estômago, mas sim que as pinta.