Festa de criança sempre me causa indigestão,
primeiro porque dificilmente eu gosto dos freqüentadores, segundo porque eu
gosto muito de doce e tudo em excesso faz mal. Passo mal. Muita criatura chata
e muito alimento doce.
Volto pra casa, sempre ganho um pratinho pra
entregar pra minha filha, Mônica. Coitada ela sempre tem febre no dia das
festas de aniversário de seus colegas, acho que esse comportamento ela aprendeu
de mim.
A mãe dela não mora mais com a gente. Somos
apenas eu, ela e os pratinhos de doces na geladeira.
Hoje eu percebi que os pratinhos de doce e o
amor são sinônimos, realmente eu fico muito exposto a música depressiva, mas o
assunto é o ponto em comum dos dois.
Janete, Ângela, Márcia, Jenifer e Paola,
algumas para exemplo, foram paixões minhas, escolhi o bolo de chocolate e
esqueci de colocar elas, os doces, na geladeira. Os doces estragaram.
Acontece que o pratinho de doce nunca
estraga, sempre haverá doces para ocupar aquele espaço. Mas é meu defeito
sempre ter uma queda por aquele bolo que recém saiu do forno, acho que é porque
ele é mais quente, mas quando eu percebo que ele vai ficar frio já é tarde
demais, os doces já estragaram, a culpa foi minha. Sempre é minha.
Quando a gente não quer que o amor estrague
a gente tem que sempre lembrar da Mônica, os doces e a geladeira. Coloca na
geladeira, mas como tudo tem o prazo de validade, quando você perceber que o
bolo esfriou olhe pra geladeira, retire os doces, experimente. Se estiver bom:
aproveite. Se estiver mal: morra. Sempre tem veneno nos doces da geladeira.
Mônica sabe disso até completar 15 anos, depois ela vai esquecer e também trará
pratinhos de doces pra casa.