Carne no dente, é tipo o que
eu sentia, algo que me incomodava, se eu insistisse em removê-lo me doía, só
que não era na boca, era no cérebro. A carne no dente do cérebro, onde eu
mastigava as ideias.
Era algo que dizia “cara, olha
que lindo é você pregar algo que é contra o poder dominante”. Era lindo sim,
era algo que eu denominei a partir de determinado momento de gosto adquirido,
eu gostava de fazer aquilo, era notado como uma dama de espada em um jogo de
copas. Até quando percebi que eu não acreditava naquilo. É como comer algodão
doce, você pode pegar ele inteiro, esmagar e fazer uma espécie de bolo, porém
quando você coloca ele na boca, ele some, é algo ilusório.
Eu gostava de algodão doce,
mas percebi que para a minha pessoa não era correto acreditar nele. Para você
pode ser, mas mesmo assim eu recomendo uma passada no dentista, ou só uma
passada de fio dental mesmo.
Eu vejo falso moralismo no meu
café da manhã, no meu almoço e principalmente na minha janta. Eu acho um algodão
doce esse pessoal que anda de tênis rasgado, camisa desbotada e come nutella
com pão francês no café. Eu só fico confuso sobre qual dos dois comportamentos
é o “gosto adquirido”.