Desde que eu
me conheço por gente sei que meu ego afirma, erroneamente, que eu defendo até a
morte minhas ideias, foi assim quando, na pré-escola, me sugeriram colocar
cinco torres em um castelo de areia quadrado. Foi a professora quem deu o
pitaco, abaixei a cabeça e arquitetei a quinta torre, inútil, dez minutos
depois ela foi ao chão, sobraram só as outras, matematicamente postas uma em
cada quina.
A cólera, foi
por causa dela, eu senti, foi subindo, coloquei propositalmente pouca água no quinto
copo, desculpa, mas foi assim que eu aprendi a lidar com a minha, evita
discussões desgastantes (apenas para o meu lado), me deixa deprimido (de certa
forma eu gosto, a vida só vale a pena com sofrimento, assim dizia Nietzsche), reafirma
o meu discurso vitimista (o qual eu já cansei, mas o mundo ainda não aceitou) e
me faz ficar sem apetite (de comer e de lutar). Mas me sinto feliz sendo
deprimido com a cólera, devo a ela todo o esforço que meu ego faz para salvar
meias-verdades.
Em 16 de agosto
de 1920 nascia Charles Bukowski. Dedico esse texto para você Velho Safado.