2 de outubro de 2012

por um azar

Está tudo limpo, sol maravilhoso, mesa farta e colchão fofo, mas eu estou preso. Encarcerado nos meus sonhos e ideais. Não só neles, mas também nas paredes invisíveis dessa atual composição de sociedade.
Eu quero, eu posso, mas não ouso fazer, isso porque a tropa de choque do “se eu fosse você pensaria bem antes de fazer isso” me encurrala. Prendo meus impulsos nas minhas entranhas, tentando nessa última tentativa guardá-los das vistas desses caçadores de anormalidades.
Não consegui, deixamos para a próxima, essa não é a primeira vez que eu perco um sonho, já me acostumei com essa dor, ele morreu dominado, uma gravidez levada por quase 20 anos e no dia do parto o cordão umbilical por um azar caiu pala o lado errado. Procurei todas as palavras, mas na minha cela a única que me deixaram jogada foi a expressão “por um azar”, pois bem, assim seja.