26 de dezembro de 2012

desconforto

Nasci assim: desconfortável. Em um comentário recente da minha mãe, ela lembra de que quando eu era um bebê, não fica mais de uma hora na mesma posição, sem chorar, podia estar em sono profundo, em berço esplêndido, mas o desconforto me acometia de tal forma que meu instinto me fazia berrar desesperadamente.
Conheço gente que consegue deitar na cama sem lavar os pés, sair cedo de casa sem tirar a remela dos olhos, matar mosquito com o lençol, ganhar R$ 100,00 e gastar R$ 200,00, jogar futebol com bermuda de jeans, porém eu não consigo, isso me sufoca. Por mais simples que seja o fato, diria natural, eu definitivamente não nasci pra isso, nunca agi dentro dos padrões de normalidade.
Na pré-escola meus desenhos eram de apenas uma cor: amarelos. Qualquer cor que não fosse amarelo era desconfortável para mim, um dia a professora me obrigou a pintar um anjo de azul, pintei, o anjo morreu e o amarelo também. Todas as imagens coloridas por mim, pelo resto do ano, foram em tons de cinza.
Passei meses sem sentir a cor da vida na ponta dos dedos, estou recuperado, hoje as cores não me embrulham mais o estômago, mas sim que as pinta.

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