29 de março de 2012

delírio


Está ventando, início de inverno é sempre assim, o frio chega, mas como somos cascas ele é só exterior, só na pele, nas entranhas estamos fervendo. Você é tão imprevisível, a la niña do nosso oceano pacífico.
Em alguns lapsos de pensamento inconsciente percebo que você realmente é diferente, quando passa sua fase de la niña você começa a resfriar não só a superfície, mas também tudo que está dentro de você, sem perceber congela a mim, estamos no nosso oceano, não se esqueça.
Eu noto, sim eu noto, da ponta do seu mais longo fio de cabelo até a sola do seu mais lindo all star, não ria, é uma massa abstrata de ar frio.
Abstrato, a gente nunca sente, até sentirmos na pele. Dói também, mas é aquela coisa, aquece ainda mais minha temperatura para eu um dia me tornar o seu el niño.

14 de março de 2012

a ferida


Doía, dói, vai doer, mas isso é bom, não vai deixar mais que eu abaixe a guarda novamente, logo no 2° round.
O que mais doeu foi o baque, mas este não foi a pior consequência, você não sabe a dor que eu sentia lavando o ferimento, duas vezes ao dia, uma ao acordar, outra ao deitar.
Os mais antigos mandam lavar com sabão e água quente, era muita sujeira, no país eu creio que não exista todo sabão necessário para fazer uma boa limpeza.
Experimentei lavar a seco, sem deixar cair uma lágrima sequer, arde muito mais, mas massageava o meu ego também, ainda não acabei de limpar, como falei, ainda vai doer, ainda vou limpar.
Não fico sem jeito em assumir que você foi uma espécie de tinta, secou, durante minhas investidas na vida doméstica do coração eu canso e deixo uns resquícios seus, sempre é bom a gente saber de que tinta foi pintada aqueça parede antes.
O que mais me preocupa é que a ferida já está quase fechando e eu não vou conseguir acabar de limpar a tempo.