13 de julho de 2012

amor adocicado


Receber uma cartinha de amor era uma das coisas mais fantásticas que podiam ocorrer para uma criança durante a minha infância, isso deve ter mudado hoje, mas naquela época era mágico.
Lembro até hoje do dia em que recebi uma, comigo tudo acontece estranhamente fora do comum, não foi diferente com esse momento mágico da cartinha. Abri a mochila e minha nossa tem um papel dobrado com um coração, acelerei os batimentos e fiquei corado.
Procurei imediatamente a identificação da remetente, escritora, amante ou simplesmente o nome da colega de classe, foi aí que o encanto começou a se quebrar. A carta estava escrita em uma folha de caderno, até aí tudo normal, mas era da Moranguinho, até aí tudo normal também, mas tinha cheiro de morango! Comecei a ficar sem ar, com bolhas na pele, calma gente, não era antraz, passei mal, aquele cheiro impregnou nas minhas narinas.
Minutos depois eu estava ainda recuperando a cor e o ar. Até hoje lembro claramente do dia que recebi essa cartinha e do cheiro horrível da Moranguinho, mas não me lembro da remetente que tentou me conquistar com um antraz adocicado de amor.

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