Receber uma
cartinha de amor era uma das coisas mais fantásticas que podiam ocorrer para
uma criança durante a minha infância, isso deve ter mudado hoje, mas naquela
época era mágico.
Lembro até
hoje do dia em que recebi uma, comigo tudo acontece estranhamente fora do
comum, não foi diferente com esse momento mágico da cartinha. Abri a mochila e minha
nossa tem um papel dobrado com um coração, acelerei os batimentos e fiquei
corado.
Procurei
imediatamente a identificação da remetente, escritora, amante ou simplesmente o
nome da colega de classe, foi aí que o encanto começou a se quebrar. A carta estava
escrita em uma folha de caderno, até aí tudo normal, mas era da Moranguinho,
até aí tudo normal também, mas tinha cheiro de morango! Comecei a ficar sem ar,
com bolhas na pele, calma gente, não era antraz, passei mal, aquele cheiro
impregnou nas minhas narinas.
Minutos depois
eu estava ainda recuperando a cor e o ar. Até hoje lembro claramente do dia que
recebi essa cartinha e do cheiro horrível da Moranguinho, mas não me lembro da
remetente que tentou me conquistar com um antraz adocicado de amor.
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