14 de setembro de 2012

rede


Quando você cai na rede, parede, redemoinho, redenção, predestinado. Ninguém sabe como você caiu lá, mas é lá que você está, aqueles bonecos de cabeça amarela, com braços que parecem chaves de roda, estão lá apenas para não deixar o balanço da vida cessar.
Como em uma linha imaginária, hora você se encontra no calor de um dia iluminado pelo sol, hora na depressão e na clareza de um dia após a chuva. Nada é mais belo e ao mesmo tempo depressivo do que um dia após a tormenta. A rua está limpa, aquele espírito mundano se esvaiu pelo bueiro, as pessoas passam e você sente o cheiro de gente, não de bonecos amarelos. O problema é que em algum momento o sol volta, pra te secar, te aquecer, fazer evaporar a água, formar nuvens e depois sumir, sem avisar, te deixando na mão e sem guarda-chuva.
É nesse momento, sem guarda-chuva, que os amarelinhos voltam, com toda força, mas eles não te derrubam da rede, pois eles não querem que você saia dela, querem que você se exponha ao calor e ao frio, lutam para que você contraia pneumonia e por conseqüência sofra em uma cama hospitalar, aí sim, o derradeiro descanso, sem balanço, olhando pela vidraça os pingos de dor que caem do céu, dor de um destino que sofreu um acidente.

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