Correr atrás dos sonhos, frase bem desgastada em 2012,
mas nem por isso eu deixo de ter ânsia de vômito cada vez que alguém pretensioso
a repete na mídia. Você falar isso para seu amigo, tudo bem a gente entende,
mas algumas figuras jogarem essa semente em um mundo onde não há tempo para
dormir e muito menos solo mental fértil para plantar, aí já é dose.
Ontem me fisguei refletindo sobre isso, um jovem já
corrompido pela realidade mundana tem o sonho de andar de Ferrari, casar com a
Juliana Paes, ter um filho loiro que assuma a camisa 10 do time da escola, almoçar
em um bom restaurante, descansar o corpo em um sofá de mola, enquanto coça a
barba e assiste a programação primorosa do mais conceituado canal de TV a cabo,
na nova Televisão, que chegou ontem embrulhada em 5kg de plástico bolha, os
quais o filho ficou 50 vezes mais feliz por poder estourar do que quando ganhou
o novo console da Sony, último modelo da linha. Algo me diz que essas
aspirações não são sonhos.
Mas o fato é que eu escrevo isso apenas para explanar
a minha inveja de vocês, vocês diferentes e normais, afinal não importa, tenho
inveja de vocês que conseguem sonhar, se é assim que vocês acreditam ser.
Tenho inveja de vocês que conseguem: passar por vários
desconhecidos e não sentir vontade de chorar; dizer eu te amo como quem pede
uma cerveja; encenar que está tudo ótimo, quando na verdade não há um tijolo de
pé na sua mente (isso me leva a crer que talvez você não tenha nenhuma
construção nela); dizer oi e pedir como está a vida, sem o menor interesse na
resposta; fazer aquela voz irritante e falar palavras sem o “s” e o “r” para as
crianças; enfim, tenho inveja das coisas que meus pais, meus amigos, meus
conhecidos, meus colegas e vários desconhecidos fazem. Sinto isso pelo simples
fato de não saber o que acontece com os que foram designados a serem pais dos
meninos de cabelo escuro que atuam como volantes de marcação.
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